Determinantes em Saúde Mental

 

A saúde mental é determinada por fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos e ambientais que interagem de formas complexas, sendo assim, identificar relações de causalidade únicas não é algo fácil.

Diversos fatores relacionados à saúde mental e ao bem-estar das pessoas já estão descritos na literatura. Veja abaixo alguns deles.

 
 
dna.JPG

Fatores genéticos

Alguns genes podem induzir alterações químicas no cérebro e influenciar nossos comportamentos, a maneira como vivenciamos algumas emoções, além da expressão de algumas doenças psiquiátricas. Um exemplo disso são as emoções positivas, que em diversos estudos mostraram graus de hereditariedade que variaram de 36 a 81%. No entanto, é importante lembrar que a expressão dos genes em geral é intermediada por fatores ambientais, o que reforça e importância das circunstâncias e das condições sociais experimentadas. 

tomates 3.jpg

Idade

A idade além de um fator epidemiologicamente associado aos transtornos mentais e também tem mostrado associação com o bem estar. Algumas pesquisas mostram uma distribuição em que os adultos mais jovens e o mais velhos tendem a um maior grau de bem estar quando comparados aos adultos na meia idade.

Já no que se refere às patologias, uma grande parte dos distúrbios psiquiátricos tem início entre o final da puberdade e começo da fase adulta, mas existem alguns quadros presentes desde a infância e outros que se iniciam em idades mais avançadas da fase adulta.

As prevalências dos transtornos mentais também variam de acordo com as faixas etárias. Na depressão por exemplo as taxas de prevalência são maiores entre os adultos de idade entre 55 e 74 anos (média de 7,5% para mulheres e 5,5% para homens, contra 5,1% e 3,6% respectivamente, na população geral). 

Sexo.png

Sexo

A relação entre o grau de bem estar entre homens e mulheres já foi diferente e é uma proporção que vem se modificando ao longo do tempo. 

Atualmente eles apresentam níveis de bem estar bastante semelhantes, apesar das variações com a idade já descritas.

Com relação às alterações da saúde mental existem grandes diferenças entre os gêneros. Alguns quadros mostram maior prevalência no sexo masculino, como a esquizofrenia por exemplo, outros mostram maior prevalência no sexo feminino, como o transtorno depressivo por exemplo, e certas patologias psíquicas mostram uma distribuição muito semelhante entre os sexos, como por exemplo o transtorno afetivo bipolar.

 

moedas pode fundo azul.JPG

Renda

A relação entre renda e doença mental é bem estabelecida, alguns quadros específicos estão fortemente ligados a condições econômicas desfavoráveis, como por exemplo os relacionados às complicações do parto. Alguns estudos mostram associação entre transtornos mentais crônicosgraves e tentativas de suicídio com baixa renda familiar e também uma relação entre redução da renda familiar com aumento do risco de incidência de distúrbios mentais. Há ainda indicadores que mostram aumento da prevalência dos transtornos mentais como um todo em populações de baixa renda. Por outro lado a relação entre renda e bem-estar é bastante complexa. As pesquisas neste âmbito mostram resultados muito variáveis, dependendo da forma de mensuração e das comparações realizadas. Em geral há uma correlação positiva entre renda e bem-estar que é mais robusta nas classes mais pobres, nas classes mais abastadas os efeitos são mais discretos. 

educação arvore.jpg

Educação

O acesso à educação durante a vida está associado a melhores níveis de saúde mental e os baixos índices de alfabetização mostram relação com precariedade da saúde mental.  Experiências educacionais positvas e bons resultados acadêmicos contribuem para a saúde mental e melhor desenvolvimento dos jovens. Sendo também importante lembrar que a escola pode ser um elemento importante no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais que são protetoras em saúde mental. 

família.png

Estrutura Familiar

A exposição de crianças a ambientes familiares conturbados ou desestruturados são fatores de risco para diversas doenças psiquiátricas e comportamentos negativos na vida adulta. Falhas de comunicação, precariedade de vínculos, abandono, lares inseguros, ausência de laços afetivos e de suporte são aspectos que mostram relação com piora da saúde mental e do bem estar.

relacionamentos.jpg

Relacionamentos

Contar com relacionamentos que trazem apoio é um dos maiores preditores de bem estar e de saúde, não só da saúde mental. Por outro lado a solidão mostra influência negativa na saúde das pessoas, está associada com maior risco de transtornos mentais e de doenças clínicas, bem como piores prognósticos destes.

Trabalho.jpg

Trabalho

A interligação entre o trabalho e a saúde mental é inegável apesar de complexa. Em geral o trabalho remunerado contribui para o bem estar e para a saúde mental individual, não só por compor parte da renda mas também por promover satisfação, sentido e propósito para alguns. No entanto, algumas vezes o trabalho pode representar uma sobrecarga de stress e uma ameaça a saúde mental das pessoas.

O desemprego está normalmente associado a prejuízo da saúde mental e bem estar, apesar de algumas vezes significar alivio de condições de trabalho insuportáveis.

O desemprego afeta negativamente o bem-estar e a saúde mental, tanto a curto quanto a longo prazo. Ele se relaciona a aumento no risco de suicídio, nos níveis de ansiedade, no número de casos de depressão e nos sentimentos de incerteza, raiva, vergonha e baixa auto-estima.

Diversas situações vivenciadas no ambiente de trabalho podem contribuir para o aparecimento de alterações psiquiátricas e piora do bem estar. Violência, falta de reconhecimento, cargas de trabalho excessivas, ausência de suporte social, isolamento, assedio e incerteza são fatores de risco bem descritos.

Existem ainda doenças mentais que estão diretamente relacionadas ao exercício profissional. Tais patologias são decorrentes da exposição a algumas substâncias, tais como o chumbo e o mercúrio, que ocorre nos trabalhos que envolvem o manuseio destes metais.