Diagnóstico & Quadro Clínico
A distimia, também conhecida como transtorno depressivo persistente, é um transtorno de humor caracterizado pela presença de um humor deprimido na maior parte do dia e que está presente quase continuamente. Sentimentos de inadequação, culpa, irritabilidade e raiva; afastamento da sociedade; perda de interesse; inatividade e falta de produtividade em geral estão associados ao quadro.
A maioria dos casos inicia na infância ou na adolescência. O início tardio é bem menos prevalente e em geral ocorre nas populações de meia-idade e geriátricas, muitas vezes em indivíduos com transtornos físicos crônicos incapacitantes.
Os sintomas observados incluem, além do humor deprimido, alterações do apetite (aumento ou diminuição), alterações do sono (insônia ou hipersonia), falta de energia, fadiga, baixa auto-estima, dificuldade em tomar decisões, capacidade de concentração prejudicada, sentimentos de desesperança, entre outros. Inércia, letargia e anedonia podem ocorrer de forma amena, e em geral piores pela manhã. Os sintomas causam sofrimento significativo e/ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
O indivíduo portador de distimia na maioria das vezes se mostra como alguém habitualmente triste, sem alegria na vida, incapaz de sentir prazer, queixoso, sem senso de humor, pessimista, predisposto a culpa, com baixa auto-estima, preocupado com inadequação e fracasso, introvertido, com vida social restrita, lento, vivendo uma vida sem ação, passivo e com poucos interesses.
Classificação
O quadro clínico da distimia é bastante variável. Alguns pacientes podem apresentar sintomas ansiosos, episódios depressivos maiores e até sintomas psicóticos. Deste modo, assim como o transtorno depressivo maior, a distimia pode ser classificada quanto à gravidade atual, quanto à melhora sintomática (caso haja) e quanto às características específicas do quadro (Clique aqui para ler mais sobre tal classificação).Além disso, também é especificada quanto ao início do quadro e com relação à ocorrência de episódios depressivos maiores nos últimos dois anos.
Quanto ao início do quadro:
Início precoce: O início ocorre antes dos 21 anos de idade;
Início tardio: O início ocorre aos 21 anos ou mais.
Quanto à ocorrência de episódios depressivos maiores nos últimos dois anos:
Com síndrome distímica pura: Não houve episódio depressivo maior nos dois anos precedentes;
Com episódio depressivo maior persistente: Durante os últimos dois anos o indivíduo apresentou episódio depressivo maior continuamente;
Com episódios depressivos maiores intermitentes: houve um ou mais episódios depressivos maiores intercalados com períodos de pelo menos oito semanas com sintomas subclínicos para um episódio depressivo maior completo nos dois anos precedentes.
Distribuição & Freqüência
(Epidemiologia)
A distimia é um transtorno comum na população em geral e afeta 5 a 6% de todas as pessoas.
A condição é mais comum em mulheres com menos de 64 anos do que em homens de qualquer idade, também é mais comum entre indivíduos jovens e solteiros e naqueles com menor renda.
A distimia com freqüência coexiste com outros transtornos mentais, em especial o depressivo maior. Também pode coexistir com transtornos de ansiedade (em especial transtorno de pânico), abuso de substâncias e transtorno da personalidade borderline.
A história familiar de indivíduos com distimia é normalmente repleta de transtornos de humor, depressivos e bipolares. Ela é mais comum entre aqueles que têm parentes em primeiro grau com transtorno depressivo maior.
Causas & Fatores de Risco
A etiologia da distimia está aparentemente associada a fatores biológicos e psicossociais.
Os fatores biológicos relacionadas à distimia são muito parecidos com os relacionados ao transtorno depressivo maior e compreendem alterações de neurotransmissores, da regulação hormonal, da imunidade, da estrutura cerebral, entre outros.
Entre os fatores psicossociais que podem estar associados ao quadro distímico estão: dificuldades de adaptação à adolescência e à idade adulta jovem; desapontamentos interpessoais precoces na vida; perdas reais ou ameaçadas na vida adulta; e privação de amor, afeição e cuidados. Um distanciamento excessivo entre as situações fantasiadas pelo indivíduo e as situações reais podem levar a diminuição da auto-estima e sensação de impotência que podem contribuir para o transtorno.
Curso da Distimia
A maioria das pessoas com distimia vivenciam o início dos sintomas antes dos 25 anos de idade. Apesar do início precoce, eles costumam sofrer com os sintomas por muitos anos antes de procurar ajuda, muitas vezes consideram as alterações simplesmente como parte do seu jeito de ser.
Em muitos casos podem progredir para transtorno depressivo maior e em alguns casos podem apresentar episódios maníacos e/ou hipomaníacos, sendo então diagnosticados com Transtorno Bipolar.
Prognóstico da Distimia
O prognóstico do quadro é variável, o tratamento com medicamentos antidepressivos e alguns tipos de psicoterapia mostram efeitos bastante positivos no prognóstico do transtorno. Por outro lado, cerca de 25% de todos os pacientes com distimia nunca alcançam melhora completa. De modo geral, contudo, o prognóstico é bom com tratamento.
Tratamentos
Os tratamentos atuais abrangem a terapia farmacológica e abordagens psico terapêuticas variadas, em geral terapia orientada ao insight, cognitiva ou comportamental. A combinação de medicamento e psicoterapia é aparentemente o tratamento mais eficaz para o transtorno.
Psicoterapia
Muitos métodos psicoterapêuticos costumam ser usados na abordagem da distimia, entre eles estão: a terapia cognitiva, terapia comportamental, psicoterapia (psicanalítica) orientada ao insight, terapia interpessoal, familiar e de grupo.
Os vários métodos de psicoterapia buscam proporcionar experiências agradáveis, modificar pensamentos e comportamentos negativos, melhorar as experiências interpessoais e as formas de lidar com o estresse, com finalidade de reduzir sintomas depressivos e melhorar a autoestima.
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Farmacoterapia
O uso de antidepressivos demonstra sucesso terapêutico na distimia. Em geral, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), a venlafaxina e a bupropiona são tratamentos eficazes para pacientes com distimia. Alguns pacientes com o transtorno podem apresentar boa resposta com inibidores da monoaminoxidase (IMAOs), ou também podem responder ao uso criterioso de anfetaminas.
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